Manifesto

Por isso é que agora vou assim
no meu caminho. Publicamente andando.

Não, não tenho caminho novo.
O que tenho de novo
é o jeito de caminhar.
Aprendi
(o caminho me ensinou)
a caminhar cantando
como convém a mim
e aos que vão comigo.
Pois já não vou mais sozinho.
Thiago de Mello

Nós, estudantes de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina, pretensos intérpretes e poetas da vida, reunidos em meio às árvores do bosque do campus, fundamos o Núcleo de Estudos e Práticas Emancipatórias (NEPE). Nessa data, 17 de abril, Dia Internacional da Luta Camponesa, foram assassinados dezenove trabalhadores rurais sem-terra em Eldorado dos Carajás, Pará, Brasil, em 1996, mortes que serão lembradas e celebradas, mortes que serão parte da vida dos vivos, da experiência daqueles que teimam em continuar a escovar a história a contrapelo.

Por lutarmos contra essa e outras formas de violência, buscamos construir uma outra universidade e uma outra sociedade, onde prevaleçam os princípios da igualdade, da horizontalidade, da dignidade e da justiça. Uma construção de um conhecimento interdisciplinar a partir dos refúgios da subversão, dialogado com movimentos sociais e com os mais diferentes sujeitos. Um espaço para o devaneio, a poesia, o teatro, a dança e outras formas de carnavalização da vida. Uma práxis de indignação ética contra as violências reproduzidas em nossa sociedade e contra qualquer forma de opressão. Uma ação a favor da luta pela emancipação humana, fundamentada na educação popular, na efetivação dos Direitos Humanos, na realização da Universidade por meio da atividade extensionista, da assessoria jurídica popular e de outras práticas.

 A ideologia que nos move é referenciada no pluralismo, no respeito à diferença, na alteridade e na radicalidade da reflexão e da luta. A educação é um ato político, livre e libertador, reconhece naqueles que sofrem os sujeitos para sua emancipação e em nós, os sujeitos da nossa, para a construção de uma outra sociedade possível. Somos guiados pela filosofia da libertação, da sensibilidade, da luta contra o embrutecimento do mundo e estamos abertos a todos que junto conosco estejam dispostos a pensar, refletir, viver, dialogar e agir.